terça-feira, 21 de abril de 2009

O velho

No fim, ganho consciência do quão velho estou e só me resta uma intensa mistura entre saudade, tristeza e perda, que me permite observar hoje o que julguei não ser prioritário ontem.
Resta-me viver, apenas, cada minuto de forma abstracta e tentando transmitir o que sei a quem tenha ouvidos com melhor qualidade que os meus.
Estou um velho, amargurado com o que fiz da vida e cansado de permanecer com os olhos (só agora) conscientes.
Estou a cegar de uma vista, mas nem assim ofusco daquela que, mesmo na escuridão, me alumia os fantasmas do meu passado supostamente apagado pela arrogância.


Os músculos estão fracos, os ossos esburacados, os olhos cansados. Mas o meu castigo é a teimosia da nova lucidez do cérebro e, pior, do meu coração em não descansar.





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