sábado, 14 de julho de 2012

Aspirations of a Prisoner

Sounds just perfect for such an imposed inertia that knocked at the door on a sunny saturday afternoon. What a stoic state of apathy and fake calm.
You must breathe vernal thoughts I say. But there’s cold sun outside and warm rain inside my head. Repetition of the fake Antístenes cinism all over my mind.
I could, I should, I would draw what's in my mind, but I always go back to my primary way of artistic expression - write.  

A crença seja no que for é um resíduo de tudo o que falhou


Aprendi que "a crença seja no que for é um resíduo de tudo o que falhou" (Vergílio Ferreira). Não devemos acreditar em nada - pelo facto da verdade intrínseca das coisas ser incognoscível (a coisa em si kanteana) ou pelo facto de a realidade, passível de ser conhecida, ser alterável com o tempo? Assumir a segunda premissa é assumir que o conhecimento é alterável, ou seja, que não existem verdades inflexíveis e eternas. Ou seja, assumamos que tudo é alterável e que  nada do que cada um sabe é permanente, que todos os fenómenos e regras que determinam as relações entre os mesmos são efémeros.
A necessidade de sentimento de controlo e de propósito faz-me acreditar - claro, sem qualquer evidência empírica - na primeira premissa. Assim, a crença seja no que for é sempre um erro, pois apesar de "sabermos" que a verdade verdadeira existe, ela não nos é acessível, visto que a forma como o mundo exterior se deixa perceber é alterável. O aparente nunca corresponde inteiramente ao que é intrínseco - e é esse segundo que é permanente.

Adormece-me


Mãe, porque é que não existes? Mãe, ouve-me, preciso de colo! Dá-me a mão, dá-me calor, dá-me aconchego onde deitar a cabeça. Mãe, desce à terra e deixa que os meus olhos te vejam, que o meu corpo sinta o teu colo, que o meu descanso não seja desamparado.
Mãe, faz da tua mão gigante uma concha, onde eu me lá possa fechar e adormecer.
para mim o que eu me seria se fosse minha mãe.
Protege-me quando estou acordada, aconchega-me quando estou a adormecer e vigia-me quando estiver a dormir.
Mãe, estou viva, olha para mim!

sábado, 9 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade

Quem me dera que eu fosse o pó da estradaQuem me dera que eu fosse o pó da estradaE que os pés dos pobres me estivessem pisando...Quem me dera que eu fosse os rios que corremE que as lavadeiras estivessem à minha beira...Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rioE tivesse só o céu por cima e a água por baixo...Quem me dera que eu fosse o burro do moleiroE que ele me batesse e me estimasse...Antes isso que ser o que atravessa a vidaOlhando para trás de si e tendo pena...
                        Alberto Caeiro

sexta-feira, 23 de março de 2012

Versos de Orgulho

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.
Porque o meu Reino fica para além …
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus !
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !
O mundo ? O que é o mundo, ó meu Amor ?
-O jardim dos meus versos todo em flor…
A seara dos teus beijos, pão bendito…
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
-São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito.

Florbela Espanca

segunda-feira, 5 de março de 2012

O dos Castelos

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.


O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.


Fita, com olhar esfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.


O rosto com que fita é Portugal.


Mensagem, FP.

O Monstrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

O Monstrengo em Mensagem, Fernando Pessoa

Mulheres portuguezas

«As mulheres portuguezas são singulares na formusura e proporcionadas no corpo, a côr natural dos seus cabellos é a preta, mas algumas tingem-n'os de côr loira; o seu gesto é delicado, os lineamentos graciosos, os olhos pretos scintillantes, o que lhes accrescenta a belleza; e podemos affirmar com verdade que em toda a peninsula as mulheres que nos pareceram mais formosas foram as de Lisboa; posto que as castellanas, e outras hespanholas arrebiquem o rosto de branco e encarnado, para tornarem a pelle, que é algum tanto ou antes muito trigueira, mais alva e rosada, persuadidas de que todas as formusuras são feias. O trajo feminino em Lisboa é o commum de toda a Hespanha, isto é o manto grande de lan ou de seda, segundo a qualidade da pessoa. Com elle cobrem o rosto e o corpo inteiro, e vão aonde querem, tão disfarçadas que nem os proprios maridos as conhecem, vantagem esta que lhes dá maior liberdade do que convem a mulheres bem nascidas e bem morigeradas.»

Viagem a Portugal dos Cavalleiros Tron e Lipomain, ca 1580, In. "A tradição : revista mensal d'ethnographia portugueza ilustrada. A. 4, n.º 7 (Julho 1902)

sábado, 3 de março de 2012

yup

Dave Brubeck - I'm in a dancing mood

Don't Worry, Be Happy


The only thing that makes people don’t know what they want is fear. Fear of believing that they can't be that big, fear that they are not good enough to compete, fear of weakness, fear of the unknown, fear of people, fear of desapointments and expectations. The bigger the dream the bigger the expectations. If you dream nothing, there’s nothing to want, nothing to expect, nothing that forces you to push yourself further and harder and better. Being better is hard when you think about it.

So if someone asks you about what you want for life you usually say “I want to be happy, living a simple life with no worries like money or school or job".

Need to have money is pressure enough. So instead of wasting energy thinking what should I do that pleasures me, people prefer to waste less energy thinking how should I get money in a way I don’t have to worry about anything. Seems easier, because if you choose do what you love for living (if you even know what you love), how tough, creative, hard-working and sweaty would it cost to live your dream? Let’s just pick a job that doesn’t requires none of this, cuz it’s too hard to handle. I just want to be happy, don’t you bother me again with this dreamy-wishful-sressful stuff because I’m already anxious.


Conclusion: It seems like 99% of the people we know is not in love with their jobs and 70% doesn’t like it. (The 30% are the ones who say something like “it’s ok, could be better, could be worse, but no one bothers me that much and it’s enough to pay my bills”).


But when I ask what’s your Dream, I’m actually asking what is your main potential and what are you going to do with this, whatever it is. So: First step (comes from you heart): knowing what you most love to do in your life. Second step (comes from you mind): How can I make money doing what I love to do? Third step (comes from your hands): do it. It’s the hardest, no one said it was easy, but the reward will be much more tasty.


For those who are at the beginning: never listen to anybody who says “you can’t”, “you won’t”, “you shouldn’t”. When we’re the best at something we love, we always succeed.

For those who jumped a few steps ahead and want to restart: Do a research within yourself and dream BIG. Dream always bigger than what you think it’s possible, because if you want it, everything is possible and enough is not enough.

For those who stoped at the third step: Well, life aint gonna suck itself.


Dream big and make it.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

I am so clever that sometimes I don’t understand a single word of what I am saying.
Oscar Wilde

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Às postas

Cada pormenor que me é melhor sabido que ninguém, cada um com a sua história específica, cada cheiro e cada toque que os acompanham, cada mim que deles lembrou e cada ti que em mim ficou.

Sinestesia

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eu Esperei



(...)
Eu esperei
Mas o fumo não saiu da estrada
Arde o sonho em troca de nada
Dizem festa, mas é solidão
Como se eu não fosse olhar!
A mentira não se fez verdade
E a justiça não se fez mulher
A revolta não se fez vontade
Braços novos sem educação
Sangue velho chora de saudade!

Eu esperei
Dizem luta mas não há destino
Dão-me luzes mas não é caminho
Dizem corre mas não é batalha
Como quem não quer mudar!
Esta corda não nos sai das mãos
Esta lama não nos sai do chão
Esta venda não deixa alcançar.
Cantam "armas" mas não é amor
Mão no peito mas não é amar
Fato justo mas sem lealdade
Cavaleiro mas já sem moral
Braços sujos que se vão esconder
Braços fracos não são de lutar
Braços baixos não se querem ver
Como se eu não fosse olhar!

Eu esperei
Pelo tempo transparente em nós
Pelo fruto puro de escolher
Pela força feita de alegria
Mas o povo dorme na ilusão!
E a tristeza é forma de sinal
Liberdade pode ser prisão...
Meu deus, livra-nos do mal
E acorda portugal...


Eu Esperei, Tiago Bettencourt.


Pavilhão Chinês



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

amArte


Amamos com estilo, vendo o amor de forma idealística e fazendo dele uma arte criativa, onde, sem inibir o ridículo, nos divertimos e nos descobrimos, como se estivéssemos nos textos dos trovadores medievais e tu fosses o príncipe charmoso e eu a princesa encantada!


Romance is art.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um miminho

Carolina! :)

Ahh...saudades...
Por perder momentos que de remotos, ainda não se veêm criados,
por reviver aqueles, que já vividos, se tornam cansados,

Do baque de cair sobre o lago e sentir:
Vento, éter de pensamento que une ambas almas.
Aquelas que se desajeitam de ressentir,
e por desajeite se crêem, por fim, calmas!

por Paulo Marques