quarta-feira, 15 de abril de 2009

Interpretação vs Liberdade



Se o mundo é matéria e nós o interpretamos, porque raio existe ética?
A resposta está na propriedade privada. O Homem pensa, julgando possuir as ideias, que são dadas como adquiridas - encontradas ou criadas - mas exclusivamente suas. Assim, vai impo-las aos outros, de forma arbitrária, em prol da sua dominância sobre o outro.
O homem precisa desse sentimento de superioridade. É através da superioridade que procura a tranquilidade. Mas trata-se da tranquilidade superficial, a contorno do medo, a santa ignorância que lhe dá o grande poder de não ver o que não quer. E, uma vez que deposita no outro a análise, a crítica (maioritariamente negativa) de si de forma não consciente, o Outro torna-se no espelho do seu próprio Eu, como resultado do medo de confrontar-se.

O culto da ignorância faz com que sejamos os outros toda a vida. O culto do ócio mental faz com que mecanicamente nos tornemos meros números; coisas que nascem, obedecem e morrem. Não que tenhamos poder de ir contra as leis do Universo (apesar de ser esta a sensação que o ser humano procura e finge ter, ignorando o seu próprio medo e agindo, ao mesmo tempo contra ele), mas temos o potencial suficiente para podermos ser.

Para compreender a existência humana temos de compreender primeiro o a priori - a Mente - e só depois ouvir, mas de forma crítica, o que nos rodeia.

Assim, a acção é correcta, obedece à ética, dependendo de quem a pratica.
Não existe ética nem moral sem a existência do Homem, do pensamento.

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