sexta-feira, 26 de junho de 2009

A diferença entre o ser e o ser.

A diferença entre o ser-se humano e o ser um animal, por exemplo uma galinha, vem do poder / não poder. Eu não posso querer ser uma galinha, porque não sou dotada do ser que é a galinha, qualidade essa que lhe é instintiva, é a sua biologia. Assim, para ser o que sou, é porque eu tenho essa possibilidade (ou essa ordem?) e, assim sendo, o livre arbítrio que sou é o instinto que o determina.
Posto isto, então o que é superior ao ser humano é a própria natureza. Ser-se pensante é ser-se natural? A forma como se foi processando a evolução das espécies, nomeadamente a espécie humana, foi então necessariamente natural.
Não se descura neste raciocínio o pensamento livre, o desenvolvimento critico, a livre tomada de decisões, mas o que se defende é que esse mesmo pensamento que é característico (apenas) do ser humano, é produto da sua biologia, e, por isso, ele não pode fugir ao que é.
Assim sendo, como pode o homem promover o Carpe Diem, a anulação do pensamento, defendendo que será essa promoção do hedonismo, o caminho para a felicidade? A defesa desse ponto de vista descura a própria condição humana, por um lado, e reafirma-a, por outro. Ou seja, defende a procura da acção e da satisfação dos sentidos, descuidando que, ao mesmo tempo, afirma que o homem está a ser crítico na procura da felicidade, ou seja, está a observar e a criticar os seus próprios actos, confirmando o Eu consciente e não só o que sente automaticamente. Logo, defende explicitamente o que não tem fundamento, e defente implicitamente o que rejeita na acção.
Porque um precisa sempre do outro, e nunca se pode anular o que somos.

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