sexta-feira, 26 de junho de 2009

Arte, Compreensão, Explicação, Pensamento, Criação

Talvez que o prazer da chamada glória seja necessária ao artista e portanto à arte (…) e portanto à continuação da espécie (Ferreira, 1992), à continuação do homem crítico e pensante.
O homem gosta de si dependendo do que os outros gostam, dos juízos de valor que criam de si. Assim, se não existissem os outros, não existiria o gostar / não gostar, e, assim sendo, não existiria o gosto por si próprio. Contudo, existe uma diferença entre o outro e o sujeito que faz com que o sujeito seja único: o “gostar de mim no outro” não é profundo nem crítico como o “gostar de mim em mim”, porque o primeiro é apenas um estímulo que suscita, que “acende” o segundo, que é o potencial, o ser que se descobre. Por isso, precisamos dos outros para nos conhecermos, mas esse é um conhecimento consciencializado, pensado, não essencial.
Assim, ao criar a arte, o escritor, mesmo que não queira, criá-la-á para que os outros a vejam, para que os outros gostem ou não do que julgam, ou seja, para que o próprio autor se reavalie com base nos outros. Consequentemente, o autor sentirá vergonha de si, pois tudo o que faz vai de encontro ao que os outros são, e o Eu passa a ser o Outro. Para Vergílio Ferreira, não existe arte sem a sua publicação, mesmo que essa publicação seja apenas psicológica.
Toda a obra de arte é uma transcendência sensível ou emotiva do real. Todo o pensamento transcende o real e esse é o domínio da filosofia. Mas a emoção que sobejasse entraria logo na arte. (pag.63) Assim, a Arte é o que permite ao mundo real receber o vago. Não é sinónimo de “expressão”, porque a expressão não permite a união entre o material e o imaterial que cria uma síntese criativa, um novo novo, o conhecimento enquanto sentir e enquanto razão por parte do “receptor” que transcende o limitado.
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Análise de alguns conceitos primários/centrais em Ferreira V., Pensar

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