sexta-feira, 4 de junho de 2010

Metodo clínico com caneta.

Piaget dizia que só pensava com uma caneta na mão (relativamente às entrevistas do método clínico experimental).
Porquê?
Talvez porque se não a apontarmos, a realidade passa-nos sem que a recebamos sequer. Não falo da realidade que olhamos, mas da que vemos.
Só depois de ver a realidade escrita é que lhe dá palavra - é uma máxima registada à qual procuramos dar explicações; é o pormenor que não escapou e que permite relacionar com mil e mais alguns conhecimentos, permitindo dar sentido ao todo que o envolve e não olhar para o vazio, mas para o material que temos (é a prova física do que se passa e já passou).
Mas a caneta não consegue efectivamente registar todas as observações, porque a resposta da criança não se resume ao que fala, mas a todo o resto de si que comunica com o experimentador. E mesmo que esse resto seja registado, não será certamente registada a sua conduta no seu todo, mas só o que se torna pregnante ao entrevistador. Fora essa pregnância, temos toda a explicação que o experimentador procura para explicar a conduta do outro.

Sem comentários:

Enviar um comentário