sábado, 19 de dezembro de 2009

Olha, passou!

É tudo tão temporário e não tinha eu dado por nada. Pensando que tinha, nunca tive coisa nenhuma. O poder sobre mim própria é tão relativo e ameaçador. Sinto que não tenho vontade sobre a própria vontade. E que vontade é essa que só se lembra de mim quando o rei faz anos? Razão tem ela, que eu tenho o agir de uma beata: só me lembro dela quando preciso. E são poucas as vezes quando o rei faz anos.

Quando passa o agora e volta, depois, o que passou?

agora sim, agora não,
por quantas vezes ja passou por mim o vento
tempo sim, tempo não
a vida é-me um passatempo.


(Quando falo em vontade sobre a própria vontade, refiro-me à vontade que sempre existe em mim, à vontade de sonhos, de algo demasiado grandioso, imaterial e permanente. Mas, a vontade que se sobrepõe a esta, é uma vontade material, preguiçosa, que me faz sentir vergonha e culpa, porque depende da conduta observavel, de modo a concretizar o não observavel.)



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